O representante de vendas autônomo Luiz Paulo Dominguetti Pereira afirmou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid nesta 5ª feira (1º.jul.2021) que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias cobrou propina de US$ 1 por dose para fechar um contrato por 400 milhões de vacinas da AstraZeneca com a Davati Medical Supply. Ele foi convocado a depor na comissão depois de trazer a público a acusação sobre o pedido de vantagem indevida que teria recebido em um jantar em 26 de fevereiro deste ano em um restaurante na região central de Brasília.
Dominguetti, que é cabo da PM de Minas Gerais, disse ainda aos senadores que esteve 3 vezes no Ministério da Saúde para tratar da suposta oferta da vacina, inclusive com o ex-secretário-executivo da pasta Elcio Franco. Ele também citou os nomes do diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Laurício Monteiro Cruz, e do tenente-coronel Marcelo Blanco da Costa, dispensado na 4ª feira (30.jun.2021) da função de substituto eventual do diretor do Departamento de Logística do ministério.
Dominguetti diz que se apresentou como representante da Davati Medical Supply ao diretor Roberto Dias e ofertou 400 milhões de doses da AstraZeneca. Dias, por sua vez, teria pedido US$ 1 a mais por dose para firmar o acordo. As negociações cessaram depois da suposta negativa de Dominguetti.
Dias foi demitido do Ministério da Saúde menos de 24 horas depois das acusações se tornarem públicas. O ex-diretor afirma que sofre uma “retaliação” por Dominguetti não ter provado que representava a AstraZeneca –motivo pelo qual o contato com a Davati teria sido interrompido, de acordo com Roberto Dias.
Hérman Cardenas, CEO da Davati, informou em nota ao Poder360 que Dominguetti Pereira não a representa no Brasil nem é seu empregado. “Nosso único representante no Brasil é Cristiano Alberto Carvalho”, afirmou o CEO. Eis a íntegra (73 KB) do comunicado.
Contudo, Dominguetti foi citado em e-mails entre a empresa e o Ministério da Saúde. Depois disso, a Davati publicou novo comunicado admitindo que Dominguetti intermediou o contato entre Alberto Carvalho e o governo, mas nega ter conhecimento das acusações de propina. Eis a íntegra (tamanho).
AstraZeneca disse ao Poder360 que vende sua vacina contra a covid-19 diretamente a governos e organismos multilaterais. Não entrega ao setor privado nem tem intermediários nessas operações. No Brasil, suas vendas estão baseadas em “acordos negociados com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e o governo brasileiro”.
Fonte: Poder360