Política

Saiba quem os servidores na mira da CPI por caso Covaxin





Dois servidores públicos entraram na mira da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado por possível envolvimento com irregularidades nas negociações e contratação da vacina contra covid-19 indiana Covaxin. Alex Marinho e Thais Moura são alvos da CPI depois de aumentarem as suspeitas sobre as negociações da vacina indiana.

Alex Lial Marinho é tenente-coronel do Exército da ativa e estava cedido ao Ministério da Saúde desde 4 de maio de 2019. Foi nomeado para ser Coordenador-Geral de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde na pasta em 9 de junho de 2020.

Setor vinculado à secretaria-executiva, à época chefiada por Elcio Franco. Foi exonerado, a pedido, em 8 junho de 2021.

Ele é acusado por Luis Ricardo Fernandes Miranda, irmão do deputado Luis Miranda (DEM-DF), de pressioná-lo a assinar documento que liberava pagamento adiantado de U$ 45 milhões. 

O servidor, que é chefe da área de de importação da pasta, relatou a pressão acima do normal em depoimento ao Ministério Público Federal do Distrito Federal, que investiga possíveis irregularidades sobre o tema.

aquisição pelo Ministério da Saúde de 20 milhões de doses da vacina Covaxin despertou suspeitas de corrupção pela gestão Bolsonaro. O imunizante foi desenvolvido pela farmacêutica indiana Bharat Biotech e autorizou a importação e uso “excepcional” no Brasil.

contrato prevê entrega das doses no valor de R$ 1,6 bilhão. Documento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo indica que o governo federal foi informado em agosto de 2020 que a Bharat Biotech estimava o preço de 100 rúpias por dose da vacina (cerca de US$ 1,34). O valor acordado de US$ 15 é 1.019% superior.

MPF (Ministério Público Federal) pede investigação na esfera criminal contra o Ministério da Saúde por identificar indícios de crime de improbidade administrativa no contrato do órgão com a Precisa Medicamentos, empresa brasileira que intermediou a compra. A fabricante, no entanto, confirma que o Brasil paga o mesmo que outros países pela Covaxin.

A CPI aprovou em 23 de junho a convocação e a quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal de Alex Marinho. O requerimento foi do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). 

Na justificação, alegou que “um servidor informa sobre pressões anormais através de mensagens de texto, e-mails, telefonemas, pedidos de reuniões, tendo sido procurado inclusive fora de seu horário de expediente em sábados e domingos. Informa que essa atuação não foi feita em relação a outras vacinas, o que corrobora com diversos depoimentos ouvidos anteriormente nesta comissão”.

Também foi apresentado à CPI, pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), um requerimento que pede acesso a todos os inquéritos e investigações relacionadas a Alex Marinho e à Precisa Medicamentos. Este, por sua vez, ainda não foi apreciado pela CPI.

Renan justifica: “O acesso à documentação solicitada é imperioso e imprescindível para o desenrolar da fase instrutória e, obviamente, para o futuro deslinde das investigações desta CPI”.

Já Thais Amaral Moura, foi nomeada para exercer o cargo de Assessora Especial da Secretaria Especial de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Governo da Presidência da República em 8 de janeiro de 2021.

Ela foi convocada pela CPI em 23 de junho também, mas o pedido para quebrar seus sigilos bancários e telefônicos foi retirado de pauta sem votação. A justificativa para que ela fosse chamada a depor na comissão é que seria intermediária entre o governo e a Precisa Medicamentos.

“Informações recebidas por essa Comissão Parlamentar de Inquérito apontam Thais Amaral Moura como um elo entre o governo Bolsonaro e a empresa Precisa Medicamentos, sendo assim, é de extrema importância sua oitiva para esclarecimentos e para contribuir com o trabalho desta comissão”, escreveu no requerimento Randolfe Rodrigues.

Thais Amaral foi apontada por reportagem de O Globo em abril de 2021 como namorada do advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef. Além disso, ela também teria redigido, de dentro do Planalto, requerimentos de pedidos de informação e de convocações para senadores da base governista apresentarem à CPI.

“Nas solicitações feitas por Thais, constavam pedidos por mais médicos defensores do uso da cloroquina no tratamento contra o coronavírus para prestar depoimentos na CPI, como o João Rodrigues, prefeito de Chapecó e defensor do tratamento precoce”, justificou Renan Calheiros no pedido de quebra de sigilos.

Fonte: Poder360