A microbiologista Natalia Pasternack disse nesta 6ª feira (11.jun.2021) à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado disse que o “negacionismo” do governo mata e leva as pessoas à irracionalidade. Já o médico Claudio Maierovitch criticou o planejamento e a falta de regras homogêneas para a vacinação.
Sobre a cloroquina, remédio defendido pelo presidente Jair Bolsonaro como tratamento precoce para covid-19 e que não tem eficácia comprovada, Pasternack declarou que o medicamento só funcionou em tubos de ensaio com células genéricas. Não bloqueia o vírus em células respiratórias. Afirmou que Brasil está 6 meses atrasado por ainda discutir isso.
“Não funciona em células do trato respiratório, não funciona em camundongos, não funciona em macacos e também já sabemos que não funciona em humanos. A cloroquina já foi testada em tudo. A gente testou em animais, a gente testou em humanos, a gente só não testou em emas porque as emas fugiram, mas no resto a gente testou em tudo. E não funcionou.”
Em julho de 2020, Bolsonaro viralizou na internet depois de ser fotografado mostrando uma caixa de hidroxicloroquina para as emas criadas no Palácio do Alvorada.
A cientista disse ao colegiado do Senado que não há falta de informação sobre a ineficácia do remédio e por isso o negacionismo do governo é uma mentira.
“Estamos pelo menos 6 meses atrasados em relação ao resto do mundo que já descartou a cloroquina e aqui no Brasil a gente segue discutindo isso. Isso é negacionismo senhores, isso não é falta de informação. Negar a ciência e usar esse negacionismo em politicas públicas não é falta de informação, é uma mentira. E no caso triste do Brasil é uma mentira orquestrada pelo governo federal e pelo ministério da saúde e essa mentira mata porque ela leva pessoas a comportamentos irracionais que não são baseados em ciência.”
Já o médico Claudio Maierovitch criticou a falta de planejamento e de critérios homogêneos para a vacinação. Segundo ele, o Brasil poderia ter se preparado melhor para evitar a disseminação da doença no país.
“O que poderíamos ter tido desde o inicio. Em primeiro lugar a presença do estado com plano de contenção, era a ideia inicial, antes da pandemia entrar no Brasil…para detecção rápida, para testagem, para isolamento, para reatamento de contatos, nós tínhamos experiencia para fazer isso no nosso Sistema Único de Saúde.”
Sobre a tese conhecida como imunidade de rebanho, quando muitas pessoas se contaminam e geram proteção para outras, Maierovitch disse que o governo tenta produzir isso no Brasil a custa da vida de brasileiros.
“Temos muitos coletivos no nosso dicionário, rebanho não é um deles. Rebanho se aplica a animais e fomos tratados dessa forma. Acredito que a população brasileira tem sido tratada dessa forma ao se tentar produzir imunidade de rebanho ao custo de vidas humanas.”
“Infelizmente o governo brasileiro se manteve na posição de produzir imunidade de rebanho com essa conotação toda para nossa população ao invés de adotar as medidas reconhecidas pela ciência para evitar essa crise”, declarou.
Fonte: Poder 360