Política

Queiroga diz insistir para Bolsonaro usar máscara: Não sou censor do presidente





Ministro da Saúde foi questionado na CPI sobre conversas com o presidente da República para cumprimento das medidas não farmacológicas. Queiroga ressaltou que trata-se de uma questão individual

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que insiste com o presidente Jair Bolsonaro para adoção de medidas não farmacológicas, como uso de máscara de proteção individual e não promoção de aglomerações. Ele respondeu afirmativamente ao ser questionado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), na manhã desta terça-feira (8/6).

“O compromisso é individual, o benefício é de todos. Reitero: o médico tem obrigação de meios, não de resultados. E o meu meio é a minha voz, e a usarei. Isso não quer dizer que eu vou conseguir”, disse Queiroga. O ministro foi questionado em diversos momentos pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre o fato de o presidente não cumprir as medidas orientadas pela própria da Saúde e especialistas, como adoção de máscara e distancimento social.

Queiroga frisou que trata-se de uma questão individual, mas que ele sempre orienta as autoridades do governo. “Sou ministro da Saúde, não sou censor do presidente da República. Faço parte de um governo, presidente não é julgado pelo ministro da Saúde. As recomendações sanitárias estão postas, cabe a todos aderir a essas recomendações. Primeira atitude minha foi editar uma portaria para obrigar o uso de máscara no Ministério da Saúde”, disse.

Juízo de valor

O ministro afirmou que ele sempre está de máscara, e questionado se orienta o presidente disse que “evidente que sim”. “Mas isso é um ato individual. As imagens falam por si só. Estou como ministro para ajudar o meu país, esse é meu objetivo, e não vou fazer juízo de valor sobre a conduta do presidente”, afirmou. Perguntado por Calheiros, novamente, disse que já conversou com o presidente sobre o assunto e que quando está na sua presença, Bolsonaro usa máscara.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) interveio, dizendo que a situação é constrangedora. “Como pode se fazer uma política dentro do Ministério da Saúde se o principal personalidade do Brasil não lhe ouve?”, afirmou. “Procuro fazer a minha parte. Estou certo de que essa pandemia se enfrenta com a vacinação. Uso das medidas não farmacológicas são importantes, mas a vacinação, nós temos que perseguir. É o cerne da política no Ministério da Saúde. Em relação à conduta do presidente, peço vênias para não fazer juízo de valor, porque não compete ao ministro da saúde, respondeu o ministro.

Fonte: Correio Braziliense - Sarah Teófilo