Fonte: Andressa Collet – Vatican News
“A África precisa de paz, não de violência.”
O Papa Francisco fez um apelo veemente pela paz ao final do Angelus deste domingo (6) ao se referir ao pior ataque terrorista dos últimos 6 anos em Burkina Faso: o último balanço confirmava que 160 pessoas – entre elas, 20 menores – morreram por supostos jihadistas violentos na vila de Solhan, nordeste do país africano e próximo da fronteira com o Níger. Casas e mercado do local, que fica a 15 Km da capital Sebba, foram queimados no massacre registrado na noite entre sexta-feira (4) e sábado (5).
A proximidade e a oração do Pontífice chegam ao país, um dos mais pobres do mundo, que sofre “muito por causa desses repetidos ataques” de violência, ligados aos grupos terroristas do Al-Qaeda e Estado Islâmico. De fato, essa não é a primeira vez que a própria vila é atingida pelos jihadistas. Desde 2015, cerca de 1.400 pessoas já foram assassinadas.
Embora até agora não tenham reivindicado o ataque, a certeza de que os jihadistas estão por trás desse último massacre parece claro a todos, já que a província de Yagha, onde se encontra a vila, está situada em uma área definida como "três fronteiras", entre Burkina Faso, Mali e Níger. Ali acontecem ataques contra militares e civis, apesar da presença das tropas estrangeiras, começando por aquelas da França, enviadas para pôr fim à violência que, até agora, causou cerca de 1,2 milhões de deslocados. Já o número de vítimas não é certo, mas, segundo a ONU, foram 1.800 só em 2019, ano em que o Papa Francisco lançou um apelo ao diálogo inter-religioso contra a violência.
Os corpos das vítimas de mais esse ataque foram enterrados em valas comuns e as autoridades do país decretaram luto nacional de três dias até esta segunda-feira (7). Enquanto isso, o massacre está sendo investigado e os suspeitos estão sendo procurados por uma operação de forças armadas em larga escala nas regiões do norte e do Sahel. O esforço conjunto contra o “extremismo violento”, porém, observa o secretário geral da ONU, Antonio Guterres, deveria ser duplicado para combater “o inaceitável custo em termos de vidas humanas”.
Ele se diz estar "indignado" e "condena veementemente o hediondo ataque", expressando o pleno apoio das Nações Unidades às autoridades “para superar as ameaças à paz, à estabilidade e à unidade do país”. Assim como a própria União Europeia que condena os ataques como "covardes e bárbaros": o Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrell, "reafirma o seu compromisso de lutar, junto com Burkina Faso e com os países da região, contra a insegurança e pelo fortalecimento da presença do Estado nas regiões mais atingidas".