Esporte

Em paz comigo mesmo: Tite explica escolhas, pede cuidado e cita Obama





Tite manteve o posicionamento de quarta-feira (3) ao dizer que só vai se manifestar sobre o Brasil sediar a Copa América depois do jogo contra o Paraguai, na próxima terça. Mesmo assim, o técnico da seleção brasileira foi questionado após a vitória por 2 a 0 sobre o Equador, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, se está se sentindo à vontade para trabalhar mesmo com a insatisfação do elenco com a CBF.

"Estou fazendo meu trabalho normalmente, em paz comigo mesmo. Há uma resposta extraordinária que eu guardo pra mim, que o Obama deu numa entrevista ao Pedro Bial e quero repetir: 'Minhas adversidades são muito pequenas em relação a uma série de outras pessoas que têm problemas muito maiores, talvez de saúde, de alimentação, muito maiores'. As pessoas quando querem me ouvir querem solução e eu trabalho para solucionar. Eu faço o que gosto, sou abençoado. Pressões são normais, mas devo me preparar para isso", disse.

Apesar da manifestação de aparente tranquilidade, Tite foi mais áspero em uma resposta posterior. A ameaça de entregar o cargo caso a CBF não melhore a comunicação com os jogadores e dê atenção às demandas em relação à Copa América foi rejeitada pelo comandante: "Eu coloquei anteriormente que iria me manifestar após o jogo [contra o Paraguai]. Vocês têm a condição de levantar qualquer hipótese, mas peço que tenham cuidado de aventar possibilidades."

Em novo questionamento sobre como blindar o elenco à crise da CBF, Tite riu e virou-se para o painel que fica atrás dele durante a entrevista coletiva, que tem os logotipos dos patrocinadores da seleção. Ele apontou para o slogan da entidade e falou: "Joga bola".

Tite - Reprodução - Reprodução
Elenco da seleção brasileira abraça Tite após o primeiro gol contra o Equador
Imagem: Reprodução

Substituição de Fred foi "acidental"

Tite admitiu que planejava tirar Lucas Paquetá, e não Fred, aos 16 minutos do segundo tempo da partida contra o Equador. Gabriel Jesus entrou e ajudou a mudar o jogo, tanto é que o primeiro gol foi marcado apenas três minutos depois. O técnico mudou de ideia porque na mesma hora em que faria a alteração Fred fez uma falta dura e correu risco de tomar o segundo cartão amarelo.

"Era Paquetá [o substituído], para ter dois jogadores abertos [Richarlison e Gabriel Jesus] e dois de flutuação [Neymar e Gabigol]. Mas já tínhamos ido para o intervalo com a dificuldade do Fred, porque era um jogo de contato, de força, da bola disputada. Pensei 'deixa eu ver como ele vai voltar', porque é um jogador de alto nível e precisa, sim, jogar pressionado com amarelo. Mas aconteceu a pressão do adversário em falta, estava sendo forçado porque o jogador já tinha amarelo. Minha primeira interpretação, eu posso olhar e reconsiderar, é que não foi falta para cartão, mas decidimos substituir porque o adversário estava forçando, reclamando."

Tite também elogiou os jogadores acionados no segundo tempo, que foi quando o Brasil construiu a vitória no Beira-Rio: "Crescemos no fim do primeiro tempo e depois fomos crescendo ao longo do segundo. O ritmo imposto pelo Equador tu não consegue fazer marcação alta 90 minutos, então eles foram abrindo espaço e tivemos entradas boas dos atletas, todos deram contribuição para vencermos."

O Brasil lidera as Eliminatórias com cinco vitórias em cinco jogos e enfrenta o Paraguai na terça-feira, fora de casa, às 21h30.

Fonte: UOL