Política

Sem mencionar caso Pazuello, Bolsonaro fala sobre disciplina militar em 'live' na internet





Horas antes, Exército havia anunciado o arquivamento do processo disciplinar ao qual respondia o ex-ministro — general da ativa — por ter participado de ato político ao lado do presidente. 

Em uma transmissão ao vivo pela internet, o presidente Jair Bolsonaro fez comentários sobre a disciplina militar, sem mencionar a decisão do Exército sobre o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello

Horas antes da "live" de Bolsonaro, o Exército anunciou em nota que não vai punir Pazuello — general da ativa — por ter participado no último dia 23 de um ato político ao lado de Bolsonaro, no Rio de Janeiro. O Regulamento Disciplinar do Exército e o Estatuto das Forças Armadas proíbem a participação de militares da ativa em manifestações políticas. 

Na nota, o comando do Exército informou que não ficou "caracterizada a prática de transgressão disciplinar" por Pazuello. Com isso, o processo disciplinar aberto pela instituição para apurar o caso foi arquivado. 

"A punição, pessoal, existe, nas Forças Armadas. Ninguém interfere. A decisão ali é do chefe imediato dele ou do comandante da unidade, e a disciplina só existe porque realmente o nosso código disciplinar é bastante rígido", afirmou Bolsonaro na "live". 

A punição para Pazuello poderia ir de advertência à prisão. Nos bastidores, Bolsonaro defendeu que o ex-ministro não fosse punido. Além de militar da reserva, o presidente é o comandante em chefe das Forças Armadas – por isso, superior hierárquico do comandante do Exército, Paulo Sérgio Oliveira. 

Nesta semana, enquanto o processo disciplinar no Exército ainda tramitava, Pazuello foi nomeado por Bolsonaro para um cargo na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, que funciona no Palácio do Planalto. 

Segundo militares ouvidos pelos blogs de Gerson Camarotti e de Valdo Cruz, a decisão do comando pode introduzir o "vírus da insubordinação" no Exército e gerar problemas com a tropa. O vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão, não quis comentar a decisão, mas já havia manifestado preocupação com a possibilidade de "anarquia" no Exército. 

Na "live" na internet, Bolsonaro afirmou que o ônus da prova "cabe a quem acusa". 

"Então, assim funciona. Eu já fui punido no Exército brasileiro, 15 dias de cadeia. Quando eu fiz a matéria na revista 'Veja' em 1986" — ele se referia a um artigo que escreveu na revista no qual reclamava dos baixos soldos dos militares à época.

Fonte: G1