Cotidiano

Defensoria pede chamada de 150 concursados para substituir contratos temporários no governo do AP





Servidores estão exercendo as mesmas funções de candidatos aprovados no concurso público da Gestão Governamental, que corre risco de perder a validade.

Prédio da Defensoria Pública do Amapá, no Centro de Macapá — Foto: DPE/Divulgação

Prédio da Defensoria Pública do Amapá, no Centro de Macapá — Foto: DPE/Divulgação 

Ação da Defensoria Pública do Estado (DPE-AP) contra o Governo do Amapápede com urgência a nomeação de pelo menos 150 candidatos aprovados no concurso público para a Gestão Governamental em substituição a contratos temporários exercendo as mesmas funções. 

A ação civil pública foi ingressada na Justiça nesta segunda-feira (31), mesma data em que está previsto o encerramento da validade do concurso, realizado em 2018 e homologado em 2019. 

Todos os aprovados no certame, que previa 365 vagas, foram chamados nesse período, porém a Defensoria identificou centenas de contratações temporárias feitas pelo governo que poderiam ser ocupadas pelos candidatos habilitados que estão na lista de espera do concurso. 

“Atualmente, verifica-se que estão em vigor 129 contratos temporários para o cargo de Assistente Administrativo, 14 contratos temporários para o cargo de Analista Administrativo, e 07 contratos temporários de Bacharel em Direito, revelando que as sistemáticas medidas de burla à norma do concurso público permanecem sendo materializadas de forma corriqueira”, diz a ação. 

Caso a Justiça acate o pedido da ação, Defensoria prevê a convocação dos aprovados em 5 dias, a partir da decisão, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Defende também multa de R$ 100 mil em caso da não prorrogação do concurso. 

G1 entrou em contato com o Governo do Amapá que informou que enviaria nota sobre os questionamentos, o que não aconteceu até a última atualização desta reportagem. 

Fachada do Palácio do Setentrião, sede do governo do Amapá — Foto: Fabiana Figueiredo/G1

Fachada do Palácio do Setentrião, sede do governo do Amapá — Foto: Fabiana Figueiredo/G1 

A Defensoria ressalta que que a maioria das contratações temporárias são ilegais, pois não atendem o caráter previsto em lei, que são situações excepcionais de interesse público. 

Relatório anexado na ação traz servidores sem concurso público atuando há 11 anos no governo do estado, sempre tendo o contrato prorrogado. 

O concurso da Gestão Governamental ofereceu 300 vagas diretas para o cargo de assistente administrativo, além de 400 vagas de cadastro reserva para a função. Foram ainda 65 cargos de nível superior, com 160 na lista de espera. 

Defensoria identificou servidores temporários atuando há anos no governo do Amapá — Foto: Reprodução

Defensoria identificou servidores temporários atuando há anos no governo do Amapá — Foto: Reprodução 

A ação defende que a prorrogação do certame é necessária e trará menos prejuízos financeiros ao estado do que a realização posterior de um novo concurso público para a área. 

"A não prorrogação do certame é apta a causar danos irreparáveis ao patrimônio público, em especial diante da possibilidade de manutenção e celebração de novos contratos ilegais, bem assim considerando que a realização de novo certame no atual momento acarretará o dispêndio de elevados valores, o que é contrário ao interesse público", diz trecho. 

A Defensoria aponta ainda que a maior parte dos contratos temporários aconteceram a partir de 2019, já com o concurso da Gestão em vigência de onde, em tese, os novos servidores públicos deveriam ser chamados. 

"Também é inquestionável que as contratações apresentadas não visam atender aexcepcional interesse público, o que pode ser extraído da própria natureza das atividades exercida pelos funcionários contratados, majoritariamente administrativas e burocráticas, portanto previsíveis", completa a ação. 

Em 2019, outra ação do Ministério Público do Amapá (MP-AP) com o mesmo viés apontou que, na época, eram 4 mil contratos temporários no governo do estado, apontando que pelo menos 1,6 mil deles era apenas na área da educação. 

O MP pediu a declaração de nulidade de todos os contratos administrativos do governo do Amapá nos quais não haja expressa menção à situação excepcional que legitime a contratação temporária. 

A ação, assinada pela 2ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, da Probidade e das Fundações de Macapá, foi aceita pela Justiça e segue até hoje em tramitação.

Fonte: G1 Amapá