Política

Documentos mostram que Brasil reduziu à metade as doses de vacinas por meio da Covax Facility





Covax é a aliança com mais de 150 países liderada pela OMS e criada para impulsionar vacinação. Em agosto, Itamaraty optou por doses para 20% da população; depois, reduziu para 10%.

Documentos enviados pelo Ministério das Relações Exteriores à CPI da Covid mostram que o Brasil reduziu à metade a quantidade de doses de vacinas a serem recebidas por meio da Covax Facility

A Covax é uma aliança global formada por mais de 150 países, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e criada para impulsionar o desenvolvimento e a distribuição de vacinas contra a Covid. 

Segundo os documentos enviados pelo Itamaraty à CPI, o governo optou em agosto por doses para imunizar 20% da população. No entanto, em setembro, reduziu para 10%. 

O Covax permitia a compra pelos países de vacinas para até 50% de suas populações. A cota escolhida pelo Brasil, de 10%, era a mínima oferecida pelo consórcio. 

De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, com base em dados das secretarias estaduais de Saúde, 20% da população brasileira tomou primeira dose da vacina até as 20h18 desta segunda-feira; 9,8% da população tomou a segunda dose. 

Segundo os documentos enviados pelo Itamaraty à CPI da Covid, aos quais a TV Globo teve acesso, em 31 de agosto do ano passado, o ministério afirmou: "O governo brasileiro deverá optar pela opção do 'Optional Purchase', com cobertura de 20% da população." 

O documento, escrito em inglês, afirmava o que Brasil faria um Modelo de Compra Opcional, em que poderia optar pela vacina que gostaria de receber, mantendo a capacidade de receber a cota total de doses. "Queremos obter, por meio do mecanismo, opções suficientes para cobrir 20% de nossa população", dizia o documento. 

Em 25 de setembro, contudo, um novo comunicado informou que a minuta de contrato havia sido atualizada: "Para adaptá-la ao interesse do Brasil em adquirir número de doses necessárias para imunização de 10% de sua população por meio da iniciativa (e não mais os 20% tentativamente assinalados no 'confirmation of intent' de 31/8)". 

Em outubro, o governo brasileiro anunciou o Brasil receberia 42 milhões de doses de vacinas através do consórcio, o suficiente para imunizar 10% da população com as duas doses. 

Uma das linhas de investigação da CPI da Covid é o atraso nas negociações por vacinas. Segundo a Pfizer, por exemplo, o governo brasileiro ignorou ao menos cinco ofertas de imunizantes. 

Em depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que o Brasil optou por comprar a quantidade mínima de doses da Covax porque, na opinião dele, o contrato apresentava "riscos".

Fonte: G1