Política

CPI vai pedir esclarecimentos ao governo e à prefeitura do Rio sobre aglomeração em evento com Bolsonaro, diz Randolfe





Bolsonaro e apoiadores não usaram máscara, o que é proibido na cidade. Ato pró-governo provocou aglomerações e teve a presença do ex-ministro Eduardo Pazuello.

O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou neste domingo (23) que a comissão vai pedir informações ao governo e à prefeitura do Rio de Janeiro sobre a aglomeração provocada pelo presidente Jair Bolsonaro na cidade. 

Na manhã deste domingo, Bolsonaro participou de um passeio de moto na capital do estado. Sem máscara, o presidente também subiu em um carro de som para discursar e provocou aglomeração entre apoiadores. 

Um decreto da Prefeitura do Rio mantém proibida a realização de eventos em áreas públicas. A medida vale até o dia 31 de maio. O uso de máscara é obrigatório no Rio. Na semana passada, Bolsonaro foi multado pelo governo do Maranhão por provocar aglomerações e não usar máscara em meio à pandemia. 

“Vamos pedir informações do governo do estado do Rio e da prefeitura se houve autorização para este evento de hoje. Se não houve, cobraremos quais as providências serão tomadas para responsabilizar o presidente da República por conta da clara infração à ordem sanitária”, disse Randolfe. 

Presidente Bolsonaro durante passeio de moto com apoiadores no Rio de Janeiro  — Foto: Pilar Olivares / Reuters

Presidente Bolsonaro durante passeio de moto com apoiadores no Rio de Janeiro — Foto: Pilar Olivares / Reuters 

Para o vice-presidente da CPI, a aglomeração provocada pelo presidente, somada à presença do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, representa “um acinte às quase 450 mil famílias enlutadas”. 

Integrante da CPI, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) criticou em uma rede social o passeio de moto e a aglomeração provocada pelo presidente em um momento no qual se discute o risco de uma terceira onda da pandemia no Brasil. 

"Em comunicado de emergência, gestores do SUS alertam Bolsonaro para a chegada da 3° onda de mortes pela Covid. Uma fase mais cruel e mortal. O que Bolsonaro faz? Aglomera, não usa máscara e pior, seus apoiadores tampam alertas sanitários contra a COVID-19. CRIMINOSO!!!", escreveu o senador. 

O Brasil tem desde o começo da pandemia, segundo consórcio de imprensa, mais de 16 milhões de casos e quase 450 mil mortes provocadas pela Covid-19. 

Na manhã deste domingo, sete senadores que integram a CPI da Covid fizeram uma reunião por videoconferência. Na conversa, os parlamentares trataram sobre a nova aglomeração provocada pelo presidente e fecharam acordo em torno de algumas providências. 

Além do pedido de informações ao governo do Rio, os senadores decidiram que deve ser votada e aprovada nova convocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. A reconvocação dos dois já vinha sendo discutida pela CPI. 

Os senadores avaliam apresentar pedido para que prestem depoimento à CPI o ex-governador do Rio Wilson Witzel e o atual governador Cláudio Castro. 

Os senadores também querem aprovar a convocação da infectologista Luana Araújo. A médica ficou apenas dez dias à frente da recém-criada Secretaria de Enfrentamento à Covid. Os membros da CPI querem saber se ela, que já se posicionou contra o tratamento precoce e o uso da cloroquina, sofreu pressão no cargo. 

O presidente Jair Bolsonaro é defensor do chamado tratamento precoce para a Covid-19. A cloroquina e hidroxicloroquina tiveram a ineficácia para a doença comprovada cientificamente. 

Participaram da conversa neste domingo o presidente e vice-presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues, e o senadores Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Otto Alencar (PSD-BA), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). 

Uma nova reunião do grupo está prevista para a noite desta segunda-feira (24). Na terça, a comissão deve ouvir a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro.

fonte: G1