Política

Para justificar férias de R$ 2 milhões, CGU diz que Bolsonaro trabalhou na praia





Wagner Rosário, ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), esteve na manhã desta terça-feira (20) na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para prestar contas sobre os R$ 2,4 milhões gastos por Jair Bolsonaro em viagens à praia. Entre 18 de dezembro de 2020 a 5 de janeiro deste ano, o presidente foi a São Francisco do Sul, no litoral catarinense, e ao Guarujá, em São Paulo. Segundo Rosário, Bolsonaro não foi descansar nesses lugares, ele estava apenas “trabalhando fora do local costumeiro”.

“Foi colocado no requerimento que ele estava de férias, mas presidente não tem direito a férias. Ele permaneceu trabalhando normalmente. Nos períodos das viagens ele despachou com seus ministros e assessores e só nesse período assinou um decreto, sete medidas provisórias e sancionou seis projetos de lei”, justificou.

Ainda segundo Rosário, os gastos são referentes às despesas com locomoção, hospedagem, alimentação e diárias de toda a equipe do presidente, incluindo os responsáveis por sua segurança. 

No último dia 12, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro fez pouco caso do gasto milionário com suas férias. “Qualquer saída… a despesa grande, mas eu vou assim mesmo. ‘[Dizem] Ah, gastou R$ 2 milhões nas férias’. Vai ter mais férias. Vai ser gasto, fique tranquilo”, disse Bolsonaro.

Wagner Rosário destacou que não cabe à CGU investigar diretamente a Presidência da República, mas que ele foi à comissão após conversar pessoalmente com o presidente, que “entendeu por bem” que ele fizesse a prestação de contas. 

O ministro destacou dois pontos que elevaram os gastos da viagem. Segundo ele, por protocolo de segurança diante da pandemia de covid-19, os seguranças do presidente não estão mais dividindo quartos de hotel. Outro ponto é que, no Guarujá, as diárias estavam em alta porque a viagem foi feita no período de virada de ano.

O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), autor do requerimento, criticou as justificativas de Rosário. 

“Apesar de formalmente o presidente não ter direito à férias, no mundo real, no mundo de fato, o presidente não anda de jet ski com medida provisória à tiracolo, ou não vai pescar com o apresentador ratinho com medida provisória sendo assinada no curso da pesca. Efetivamente isso chama-se férias. Viagem ao Guarujá no ano novo não é para despachar. É férias”, disse.

 

Fonte: Congresso em Foco