Cotidiano

Líder de esquema milionário para extração ilegal de madeira no Amapá é preso





 

Sílvio Veriano Porto, sócio da empresa Pangea Mineração, foi condenado a 12 anos e 9 meses de prisão em regime fechado. Além do empresário, outras 12 pessoas foram denunciadas na operação Pantalassa.

 

A Justiça Federal condenou Sílvio Veriano Porto, sócio da empresa Pangea Mineração, a 12 anos e 9 meses de prisão em regime fechado. A pena leva em consideração os crimes de: organização criminosa, desmatamento ilegal e pagamento de propina. Sílvio foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) e foi apontado como líder de um esquema milionário para extração ilegal de madeira no Amapá, durante as investigações da Operação Pantalassa.

Além do empresário, outras 12 pessoas foram denunciadas na operação. Entre eles, destacam-se: o intermediário Edivan Gomes, dois chineses financiadores das atividades e servidores do Imap. As denúncias foram feitas em ações distintas e aguardam julgamento.

De acordo com as investigações, o sócio da Pangea coordenou a abertura irregular de um ramal de mais de seis quilômetros, no município de Pedra Branca do Amapari (AP), o que resultou no desmatamento de uma área de seis hectares. O financiamento da atividade veio de investidores chineses, que tinham o objetivo de acessar uma área que seria utilizada para extração mineral.

Em depoimento, o próprio Sílvio confirmou o recebimento de, pelo menos, R$ 10 milhões dos estrangeiros. Os pagamentos eram feitos em espécie ou em contas de terceiros. Com o objetivo de regularizar a atividade, o empresário pagou propina a servidores do Instituto de Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá (Imap). O pagamento tinha a intenção de acelerar os processos em trâmite no órgão e conseguir as licenças necessárias para a abertura do ramal. No depoimento à Justiça, Sílvio confirma o pagamento da vantagem indevida aos servidores e dá detalhes de como ocorria a negociação. 

Segundo ele, o intermediário Edival Gomes propôs conseguir todas as autorizações ambientais para a exploração mineral, mediante pagamento de 10% de tudo que fosse extraído. Além disso, Edival também solicitou o dinheiro para pagamento de um “agrado” para que os servidores do Imap acelerassem o processo. O financiamento vinha da chinesa Xie Ping, conhecida como Dona Ana, que sabia do esquema, e dava o aval para a continuidade das negociações. 

Em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, Edival fala que teria de pagar R$ 2 mil a quatro salas no Imap para ter pelo menos a licença de instalação em mãos. Sílvio responde de forma clara “fala que amanhã cê dá a propina”. Em outra conversa, entre Edival e um servidor do Imap, na tentativa de disfarçar a entrega do dinheiro, o intermediário diz que está com o “queijo” para entregá-lo. Na sentença, o juiz ressalta “que a expressão queijo refere-se ao pagamento de vantagem indevida, especialmente porque a entrega ocorreu na residência do servidor quatro dias antes da expedição das licenças”. 

Sílvio também responde judicialmente por crimes descobertos na operação Quantum Debeatur, que apurou a concessão e transferência ilegal de Créditos de Reposição Florestal.

 Da Redação